Palestra sobre felicidade encerra um ciclo de trabalho

Visita orientada do Colégio Rio Grande do Sul à Câmara Municipal de Porto Alegre, um dos inúmeros projetos idealizados por Barcellos.

Com a palestra “É possível ser feliz no serviço público?”, o servidor Jorge Barcellos encerrou sua trajetória de trabalho na Câmara Municipal de Porto Alegre. Barcellos,  que completou 37 anos de serviços prestados à instituição, iniciou nesta terça-feira sua Licença Aguardando Aposentadoria (LAA). Ele discorreu sobre o tema da felicidade no serviço público. Ele se considera um privilegiado por ter sido muito feliz no serviço público e agradece a todos os servidores que, por todo esse tempo, compartilharam com ele sua trajetória “ninguém é feliz sozinho”, afirmou. Barcellos afirmou que a felicidade, ainda que não possamos tocar, podemos alcançar sempre que sonhamos. “Ela é um estado de espirito, é a verdade reivindicada por nossos sonhos”. O servidor diz isso com autoridade: criador do Programa Educação para Cidadania, que oferece serviços educativos da Câmara para escolas da capital, foi criador no Memorial dos projetos Visita Guiada, Câmara vai a Escola, Grêmio em Forma, Aula na Câmara, Cinema na Câmara e Exposições Itinerantes. Na Escola do Legislativo, onde trabalhou seus últimos anos, criou os projetos Universidade Aberta, Rota Política,  Olimpíada de Ciência Política e Visita Orientada Virtual.  “Eu criei o maior repertório educativo que uma Câmara Municipal poderia imaginar, tornei o legislativo referência em educação extra-escolar e fui premiado pelas ações do programa Educação para Cidadania. Sei que nem todos os projetos continuarão com minha aposentadoria como gostaria, provavelmente apenas alguns. Eu espero que alguém se candidate a ser o novo “professor” da Câmara”, finalizou.

Barcellos afirmou que este trabalho lhe fez muito feliz. “Para a filosofia, há muitas formas de ser feliz. Para Confúncio, disciplina ajuda; para Sócrates, se conhecer. Platão diz para usarmos nossa razão e Diogénes diz para buscar ser livre. Santo Agostinho dizia para acreditar em algo e La Bruyére dizia que bastava se tornar necessário. Stuart Mill dizia para tentar ser util e Kant, de que era preciso ousar saber. Para mim a melhor definição foi dada por Nietzsche: só é feliz se tu se torna quem és. ”   O servidor disse que é possível sim ser feliz na Câmara, e muito necessário. Deu sua trajetória como exemplo, onde apontou sua determinação em seguir valores, de manter espaço para a brincadeira e o lúdico no espaço de trabalho. Para ele, a felicidade é algo que se conquista, mas que devemos evitar a receita fácil dos ideólogos de plantão do capital, que se apropriam da felicidade para que assumamos a responsabilidade por nossos fracassos. “Existe algo maior do que ser feliz porque atingiu um escore: nunca fui feliz por contabilizar o número de escolas e alunos que atingi, mas por seguir, como aponta o filósofo Walter Benjamin, a máxima de que a “vida é uma obra de arte”. Para ele, o serviço público também. Após a palestra, os presentes cumprimentaram o servidor por sua trajetória, que emocionado, agradeceu a presença.

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