A Câmara Municipal de Porto Alegre e a Escola do Legislativo Julieta Battistoli estão apoiando a realização do Seminário “Cidade bem tratada: resíduos sólidos, água e energias renováveis”, seminário que acontece em maio (08 e 09), em Porto Alegre, no auditório do Ministério Público. Entre os temas encontram-se as mudanças climáticas, resíduos sólidos, saneamento, energias renováveis, cidades inteligentes e soluções baseadas na natureza, a serem abordadas na 11ª edição do Cidade Bem Tratada, As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através do site www.cidadebemtratada.com.br/pre-inscricao-gratuita/. O evento apresenta diversos olhares sobre questões enfrentadas no cotidiano de quem vive em cidades e metrópoles, analisados por painelistas de renome, referências em suas áreas de atuação.
O convite para a participação do legislativo partiu de Thiago Gimenez, Assessor Executivo Ambientalista, CEO da THG Socioambiental, empresa de organização de eventos e Diretor Financeiro da Fundação Mata Atlântica e Ecossistemas, que esteve em visita ao legislativo junto à Presidência e a Escola do Legislativo, apresentando a programação. Ele destacou o fato de que o ambientalista e coordenador geral da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) e presidente do Conselho Regional de Biologia de Santa Catarina (CRBio09), João de Deus Medeiros, vai falar sobre as Unidades de Conservação da Natureza, reguladas a partir da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), de 2000, que viabilizam um melhor diálogo das cidades com a natureza, não só na manutenção da biodiversidade, mas contribuindo para a regulação climática dessas áreas. ”Esse diálogo entre unidades de conservação e zonas urbanas e metropolitanas é mais do que desejável, é algo inadiável, até como condição para que a população tenha melhor qualidade de vida nesses espaços urbanos”, enfatiza.
A equipe da Escola do Legislativo valorizou a programação também pelos diversos outros painelistas presentes. A promotora de Justiça Annelise Monteiro Steigleder, mestre em Direito e doutora em Planejamento Urbano Regional estará também na programação: “Fui convidada para falar da atual gestão da Política Estadual de Resíduos Sólidos no RS. Pretendo lançar uma reflexão sobre a Logística Reversa dos Resíduos Sólidos, abordando um nível mais ambicioso de demanda, sugerindo que muitos materiais precisariam voltar ao ciclo, incentivando a economia circular, ou seja, ao invés de gerar novos resíduos, evitar que sejam lançados em lixões ou aterros, voltando, sim, para o ciclo produtivo”, antecipa. Segundo Annelise, os estados também podem legislar quanto a metas da Logística Reversa. “Infelizmente, no Rio Grande do Sul, não há muito investimento nesse sentido. Precisamos de iniciativas mais arrojadas e de recursos para garantir a gestão da coleta seletiva. É uma questão estratégica pensar na sustentabilidade econômica dessa atividade”, ressalta a promotora.
Segundo os organizadores, o evento volta a ser presencial, o que é considerado fundamental para o debate. “São painéis, onde os diversos segmentos da sociedade estão representados – poder público, setor empresarial, ONGs, sociedade organizada, Ministério Público e universidades, e é quando vamos refletir e nos informar melhor sobre três temas cruciais para as cidades e as mudanças climáticas, que exigem o engajamento de todos, em especial dos indivíduos, que também têm poder de decisão, inclusive como consumidores”, avalia um dos coordenadores do Seminário Cidade Bem Tratada, Beto Moesch, que já foi vereador do Legislativo, ao citar, entre as práticas, comprar com menos embalagens, não utilizar carro em distâncias curtas, separar e reutilizar resíduos. “Isso é um poder de decisão individual, que cada um tem que ter, já que o processo de consolidação do cuidado com o meio ambiente de uma forma geral passa por uma mudança cultural muito forte, muitas vezes até radical”, afirma.
Moesch destaca as temáticas a serem discutidas nos painéis. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, tema do Painel 1, é considerada uma excelente legislação, “similar à Europa, onde dá certo, mas que no Brasil avança muito pouco, já que somente 3% dos resíduos urbanos são reciclados. Temos que avançar muito nesse tema”, orienta o coordenador, que também é consultor ambiental.
Sobre o Painel 2, Soluções Baseadas na Natureza (SBN), Moesch defende que “precisamos não só respeitar, mas aproveitar a natureza nos projetos de saneamento, de urbanização e de transporte. Temos que dialogar com a natureza, para não termos que presenciar essas tragédias que assolam as cidades, com erosões em morros, enchentes derrubando casas quando o rio invade, pois são locais inadequados para moradia e para o comércio, que são as chamadas Áreas de Preservação Permanente, ou APPs”.
O Painel 3 tratará do tema Mobilidade e Energia Descarbonizadas, com foco na descarbonização do transporte público em geral, não só através de motores elétricos, mas com biometano. “Temos um passivo enorme de dejetos da agropecuária. Esse passivo pode se tornar ativo, que é energia, e já temos experiências no Brasil e em outros países. As energias devem ser estimuladas, como a solar, individualizada, em cada residência, em cada comércio, em cada indústria. Essa é a melhor maneira”, defende Moesch, ao destacar que a descarbonização do transporte público ajudará também muito no Sistema Único de Saúde (SUS), já que “uma das principais causas das doenças respiratórias e cardiovasculares é oriunda da poluição veicular nas regiões metropolitanas do Brasil”, conclui.