Escola do Legislativo publica nota sobre a necessidade de paz

A Escola do Legislativo, órgão educativo da Câmara Municipal, divulga sua nota em defesa da democracia e defesa da paz para se somar  as manifestações pelo retorno da normalidade em nosso país, estado e cidade após o segundo turno das eleições. Faz isso porque entre seus objetivos de ensino está a defesa do respeito à Constituição, a educação para a paz, a defesa da democracia e do papel que cumprem nesse processo as Câmaras Municipais.

É que para isso é preciso fazereste registro, dirigir-se humildemente a seu corpo de servidores e vereadores com um apelo à paz. Com 15 anos de história, a ELJB completará 16 anos, idade em que já é possivel votar, já é possível manifestar-se politicamente para a defesa do bem comum. Às vésperas de completar 250 anos, a Câmara Municipal sempre defendeu a democracia na cidade. É a maior instituição legislativa municipal da cidade e do estado e sempre foi garantidora do cumprimento da missão que lhe é atribuida pela Lei Orgânica, a de ser a guardiã do Estado democrático de Direito, onde a ELJB nestes 15 anos, espera ter humildemente colaborado.

Grandes Vereadores fizeram parte de sua história nessa missão, à esquerda e a direita do espectro político, como Glênio Peres e João Dib. Essa herança é a de notáveis homens públicos que colocaram em primeiro lugar o interesse da sociedade acima dos interesses partidários, a defesa da harmonia e respeito à divisão dos poderes locais,  defendendo o republicanismo, os direitos sociais e o modelo federativo, responsabilidade compartilhada por esta Escola em seus conteúdos de ensino.

O papel da Escola do Legislativo desde o inicio destas eleições foi disseminar informações à sociedade e a seus atores sobre a importância da defesa da democracia, de que cada voto tem  sua importância, da importância de todos participarem do processo eleitoral com respeito. A ELJB não é apoiadora ou opositora de governos, partidos ou candidatos. Sua autonomia está na defesa de um projeto político pedagógico baseado em princípios da democracia, da ética  e da intransigente defesa do Estado Democrático de Direito através do ensino.

Como escola, defendemos e protegemos a democracia através de nossa agenda de ensino. Temos orgulho e confiança em nossos vereadores, que terão a sabedoria que iluminou os grandes vereadores do passado na defesa do resultado das eleições, do sistema eleitoral para lutar em seus mandatos para trazer paz a sociedade baseado em valores de justiça, respeito à Constituição e defesa do bem comum.

A Escola entende que agora, cada vereador  é também um educador, um educador para a tolerância. As redes sociais ensinaram a uma geração de cidadãos os prazeres da intolerância:  sem distância que as comunicações instantâneas de whatssapp promovem, foi eliminado um valor essencial necessário para o convívio social, o respeito. A internet colabora para o fim do respeito; o diálogo e a conversa olho no olho que os vereadores fazem com seus eleitores o fortalece. Sem respeito, nos tornamos intolerantes, convictos de que as únicas verdades são as nossas, efeitos das bolhas de um lado a outro do espectro politico. Os vereadores tem o privilégio neste momento de ensinarem, por suas falas e ações, a sociedade as virtudes do respeito.

É preciso mais uma vez retomar as artes da política, a sabedoria da política que os vereadores alimentam e que é saber como tolerar as opiniões contrárias as suas. A tolerância não é uma fraqueza, é uma virtude. Ensinar a tolerar as opiniões contrárias é uma atitude sábia desejável neste momento, pois podemos tolerar opiniões diferentes, mas atitudes de racismo, a violência e homofobia não. O intolerante acha que o outro é inferior, o tolerante quer afirmar a igualdade de todos. Esta Escola se dirige a todos para sugerir a importância da adoção de uma postura mais racional e menos fanática diante das opções políticas, mais tolerante de lado a lado com as diferenças, de que cabe a realização sempre frente a ideias diferentes, o amplo debate público sobre ideias com o respeito necessário entre os interlocutores.

Esta Escola sonha em poder participar de um mundo em que o Legislativo possa oferecer a sua comunidade as respostas que estão nas perguntas que hoje ocupam a mente de todos: o que se deve fazer, o que se pode ou não tolerar, o que vale a pena discutir e deliberar? As formas de chegar a concessões é a arte da política, é seu grande valor, e neste momento ele só pode ser feito através do envolvimento de todos em uma cultura de paz que nossos grandes vereadores sempre defenderam e que temos a certeza de que continuarão  a  fazê-lo. A Escola imagina o tema da tolerância sendo discutido por seus vereadores com propriedade,  por seus servidores engajados em seu trabalho e pelos cidadãos que participam da vida do legislativo.

Não é tempo de procurar o conflito, é tempo de procurar a paz. Os vereadores são os melhores atores sociais para esta missão, pois estão perto dos cidadãos, são capazes de apaziguar os seus ânimos e da ter neste momento a sabedoria de apontar que os pontos comuns de nossas crenças são mais importantes que nossas diferenças.  Com estas eleições, mais uma vez, descobrimos que precisamos aprender a conviver uns com os outros. Que precisamos de paz. Mas também da boa política.

Sabemos que o que temos adiante não é fácil. A vida cotidiana é dominada pela competição, inclusive na política. Por esta razão, talvez seja importante nesse momento, além de recuperar as virtudes da paz e da tolerância, recuperar também o  valor da amizade. Existe amizade depois destas eleições? Antes, pessoas de partidos diferentes podiam ser amigas,  depois, a amizade passou a ser utilitarista até quase desaparecer.  Acreditamos que a amizade continua a ser um componente da vida pública. Mais do que uma qualidade interpessoal, a amizade é uma qualidade comunitária, basta lembrar o ideal de Epicuro, o filósofo da antiguidade para quem a cidade era uma comunidade de amigos que se conduziriam pela vida com sabedoria e perfeição.

Como Epicuro chegou a essa concepção? Porque ele definia sua noção de amizade a partir de outra, a fraternidade. Ela é esse sentimento de amor entre irmãos, exatamente como a política deveria ser, o lugar do nascimento de movimentos de vínculos fortíssimos e amizade e de ideal de desenvolvimento local. Vimos que recentemente, ao contrário, a política transformou amigos em inimigos, dividiu famílias, colocou servidores em campos opostos. Isso tem de acabar. Por isso cabe aos atores políticos também a defesa da virtude da amizade contra o egoísmo, as vantagens da solidariedade contra o individualismo e a nós, servidores, o engajamento em processos para a melhoria das relações de trabalho. Os grandes políticos locais sempre foram aqueles que defenderam o igualitarismo, o respeito, que se opõe ao que se reconhece a luta entre o bem e o mal. Os servidores devem acompanhar esse ideal, hoje, todos devemos nos  unir em um projeto para a paz.

É portanto, mais uma vez, hora de retomarmos a normalidade democrática baseado em bons valores, missão de vereadores sábios, e da boa educação, missão que essa Escola humildemente procura atingir. Devemos fazer isso por nós e pelas crianças que sonham com um mundo melhor.