No próximo dia 16 de novembro, às 15 horas, no Auditório do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, sérá realizada a Reunião de Intercâmbio Cultural entre o IHGRGS e a Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com o tema “Os 200 anos da elevação de Porto Alegre a Cidade”, será palestrante o Historiador e Doutor em História Adriano Comissoli, com a Mediação dos Professores Doutores Fábio Kuhn e Jorge Barcellos.
A atividade inicia a parceria produto de convênio assinado entre a Câmara Municipal de Porto Alegre o IHGRGS (veja detalhes aqui) visando a realização de atividades pela passagem dos 250 anos de Porto Alegre. A programação inicial, que previa uma exposição sobre a obra da historiadora Sandra Pesavento, sofreu problemas técnicos e foi transferida, surgindo no seu lugar a palestra sobre os 200 anos da elevação da capital à sede da capitania. Para Jorge Barcellos, “a data é muito importante na história de Porto Alegre, o objeto central das comemorações dos 250 anos. E poucos sabem que estamos também, neste ano, no bicentenário de elevação da cidade à capital da capitania. Isto é importante”.
O tema é importante porque as datas de comemorações de Porto Alegre sempre é tema de amplos debates. Qual a data deve ser valorizada? Segundo o jornalista Leandro Staudt, a cidade já comemorou os 200 anos duas vezes, primeiro em 1940 e, depois de revisão, em 1972. A data hoje de referência de fundação da cidade é 26 de março de 1772, quando o Bispo do Rio de Janeiro elevou a capela de São Francisco dos Casais à categoria de freguesia, desmembrando-se de Viamão. O debate é curioso porque José Loureiro da Silva optou pela data de assinatura de sesmaria de Jerônimo de Ornelas, em 5 de novembro de 1740, o que propiciou fazer os festejos pelo bicentenário em 1940. Com as críticas que se sucederam, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul apontou o dia 26 de março de 1772 como “emancipação” do Porto dos Casais porque, diz Staudt, “como freguesia, moradores passaram a ter registro de nascimento, casamento e óbito no povoado que surgiu com os açorianos”. A mudança da data então promoveu outro bicentenário, em 1971, quando, diz Staudt, ” a Câmara Municipal aprovou e o prefeito Thelmo Thompson Flores publicou a nova data de fundação. O 26 de março seria o aniversário em 1972, quando Porto Alegre completaria os 200 anos.”
Já a data de elevação de cidade é menos debatida, mas não menos importante na história da capital. Porto Alegre cumpriu sua evolução natural: primeiro, em 27 de agosto de 1808 a freguesia foi elevada à categoria de vila, verificando-se a instalação a 11 de dezembro de 1810. Depois, em 16 de dezembro de 1812 Porto Alegre tornou-se sede da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, recém-criada, e cabeça da comarca de São Pedro do Rio Grande e Santa Catarina. Dois anos após, em 1814 o novo governador, Dom Diogo de Sousa, obteve a concessão de uma grande sesmaria ao norte, com o fim expresso de estimular a agricultura local. Com o crescimento de cidades próximas como Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha, e em vista de sua privilegiada situação geográfica, na confluência das duas maiores rotas de navegação interna – a do rio Jacuí e a da Lagoa dos Patos – Porto Alegre começava a se tornar o maior centro comercial da região.
Sobre o palestrante:
Adriano Comissoli é professor Adjunto do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atual chefe do Departamento Didático de História. Responsável pelas disciplinas de História Moderna e História do Rio Grande do Sul. É doutor em História pela UFRJ. Pesquisa impérios ultramarinos da Era Moderna, com ênfase na América portuguesa e na construção do Estado-nação brasileiro, na organização de poderes, de elites políticas e de redes de comunicação. Atualmente desenvolve pesquisa sobre espionagem ibérica no rio da Prata no final do século XVIII e início do XIX em perspectiva Atlântica. Dentro do PPGH-UFSM atua na linha de pesquisa Fronteira, Política e Sociedade, na qual desenvolve o projeto Papéis Atlânticos: comunicar e governar entre os séculos XVII e XIX.. Integra os grupos de pesquisa Antigo Regime nos Trópicos e Sociedades de Antigo Regime no Atlântico Sul. É autor do livro “Os “homens bons” e a Câmara Municipal de Porto Alegre “(1767-1808) publicado pela Câmara Municipal de Porto Alegre na coleção Teses e Dissertações da Seção de Memorial.
Sobre os debatedores:
Fábio Kuhn é Professor associado IV da UFRGS. Possui graduação (1992) e mestrado (1996) em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2006). Foi investigador visitante junto ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa entre novembro de 2004 e fevereiro de 2005. Coordenador do Núcleo de Pesquisa em História da UFRGS entre 2007 e 2009, membro da comissão coordenadora do Programa de Pós Graduação em História da UFRGS (PPGH/UFRGS) entre 2007 e 2011. Editor da revista Anos 90 (2011-2013). Realizou Estágio Sênior (pós-doutorado, 2015-2016) no Brazil Institute do King’s College London, com bolsa CAPES. Coordenador do PPGH/UFRGS entre 2019 e 2021. Representante da UFRGS desde 2010 no comitê acadêmico “Historia, regiones y fronteras” da AUGM (Asociación de Universidades del Grupo Montevideo). Tem experiência na área de História Social, com ênfase em História do Brasil colonial. Entre as principais publicações estão os livros Breve História do Rio Grande do Sul e Gente da Fronteira: família e poder no Continente do Rio Grande (Campos de Viamão, 1720-1800).
Jorge Barcellos é licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1989) e Mestre e Doutor em Educação pela Faculdade de Educação/UFRGS(2013). Possui publicações na área de história, educação e política educacional. Foi por vinte anos pesquisador do Memorial da Câmara e atualmente é Coordenador de Cursos da Escola do Legislativo Julieta Battistioli da Câmara Municipal de Porto Alegre. Recebeu a Menção Honrosa do Prêmio José Reis de Divulgação Científica (2006) e o Troféu Expressão da FINEP (2006) pelas atividades do Projeto Educação para Cidadania da Câmara Municipal de Porto Alegre , sob sua coordenação. É autor de 16 livros, entre eles Educação e Poder Legislativo (Aedos Editora, 2014) e O Tribunal de Contas e a Educação Municipal (Editora Fi, 2017). É colaborador dos jornais Zero Hora, Sul21, Le Monde Diplomatique Brasil e das plataformas de notícias (blogs) Sapo (Portugal), Medium (EUA) e La Mula (Peru).